Durante minha infância eu não
entendia porque tantos me apontavam e me criticavam por eu ser do jeito que eu
era.
Muleca, que falava pelos
cotovelos e adorava jogar bola.
Mas se tantos falavam, achei que
estivessem certos, então decidi tentar ser o que queriam que eu fosse, tentar
me “enturmar”, fazer parte de alguma coisa que eu pudesse chamar de amigos.
Parei de jogar bola com os
meninos, e fui tentar jogar vôlei, deixei de lado minhas camisetas largas para
começar a usar blusinhas coladas, como toda boa menina. Deixei de lado quem eu
era para parar de ouvir aquele menino em frente ao bar me chamar de “machinho”
cada vez que eu passava.
Eu tentava incansavelmente fazer
parte de alguma coisa, mas não me sentia parte de nada. E até mesmo quando fui
assediada por um professor na escola, cheguei a achar aquilo legal, até
entender o que aquilo significava, eu estava me sentindo importante pra alguém.
Talvez se eu namorasse algum
garoto, eu parecesse normal... e assim eu fiz, e assim eu cometi o maior erro
da minha vida.
Mas tudo bem, o tempo passa, as
feridas curam, e a vida começa a mostrar pra gente que o caminho que estamos
trilhando não é o que gostaríamos.
Depois de um ano inteiro em
crise, e mais provações... eu resolvi acordar, e resolvi novamente mudar, mas
dessa vez mudar para voltar a ser eu.
Mudei de cidade, mudei de
realidade, encontrei amigos, encontrei aceitação, e escancarei minha verdade, e
para meu espanto agora não tinha mais dedos apontados, não tinha mais
criticas... ou talvez até tivesse, mas eu não me importava mais. Eu não abaixava
mais a cabeça, eu não estava mais disposta a viver para ninguém alem de mim
mesma.
Hoje eu sou eu mesma, pra quem
quiser ver, pra quem quiser falar, pra quem quiser criticar...
Hoje eu posso dizer que me sinto
parte de alguma coisa. Hoje eu luto por quem eu sou, e deixar isso bem claro me
faz bem, me faz viva.
Se pessoas se afastaram de mim
por isso, que continuem bem longe, porque só me interessa as que permaneceram
por perto.
Por mais que eu enfrente
desafios, por mais que eu tenha que ouvir pessoas falando ao meu respeito com
maldade, nada disso me tira a satisfação de poder, dia após dia, ser eu mesma.
Aqui eu me encontrei, aqui eu
renasci, e tudo que vivi na minha infância e adolescência foram aprendizados
que sempre levarei comigo.
By Karol Moraes
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