A gente vive em sociedade, e nos deixamos diariamente
manipular pelos padrões a nós impostos para que sejamos aceitos como parte do
todo.
Por mais que seja em maior ou menor grau, todos, sem exceção,
seguem o que parece certo.
“Parece certo” porque, como podemos perceber em outras
culturas, de lugar para lugar essa concepção muda do que você pode ou não
fazer.
E esses padrões, há gerações nos passados, veio de um Ser
Superior e Supremo que quer nosso crescimento? Será mesmo?
Isso veio de uma elite patrimonialista e capitalista, que precisava de bons
cordeirinhos para fazer o trabalho sem reclamar.
“Você precisa ser um lutador, trabalhador, guerreiro... quem
não se mata trabalhando não consegue as coisas...” ouvimos coisas parecidas a
vida inteira, não é mesmo?
E se pensamos assim, tudo que encontramos é trabalho, lutas
e guerras.
Somos maior que isso, somos melhor que isso... mas
precisamos começar acreditando, mudar a nossa visão para abrir os olhos de cada
vez mais pessoas dispostas a viver de verdade.
Se precisamos batalhar tanto para ter nossas coisas, porque
quase metade do nosso país vive na linha da pobreza? Porque a maior parte das
pessoas que cruzam minha vida, ralam todos os dias, com discurso quase que robótico
de que a vida está corrida, não deu tempo para me cuidar, viajar, passear...
tenho que trabalhar mais e mais e mais... e ... nada muda, e a vida acaba, e
continua um ciclo vicioso, destrutivo e infeliz.
Dá medo mudar? Muito. Todos sempre viveram assim, vai mexer
no que está quieto?
Se quisermos conhecer a plenitude, alegria de verdade, viver
em êxtase, não só vamos como é nossa obrigação fazer diferente. É nossa vida, é
nossa história... o que temos a perder? Daqui a pouco nossa vida acaba, não é
mesmo? Será muito triste vê-la chegar ao fim sem ter ao menos tentado.
Eu posso viver sem ter conquistado a casa mais bonita do
bairro, mas eu não sou feliz sem ter momentos para dar boas risadas, sem dar e
receber vários abraços todos os dias, sem receber um olhar sincero, uma mão na
mão de afeto.
Eu posso viver sem ter comprado o carro do ano, mas não serei
plena se eu não puder ir até uma cachoeira e ficar sentada ouvindo o som das
águas, e deitar embaixo de uma árvore e sentir o cheiro, sem pensar em que
horas são.
Eu posso continuar sobrevivendo aos dias, corrida, mostrando
que sou a melhor trabalhadora, e lutadora, em uma competição sem fim... mas eu não
quero lutar, eu quero fazer algo que torne nossos dias mais felizes, mais leves,
mais em paz.
By Karol Moraes
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